terça-feira, 5 de janeiro de 2016
Bar é poesia (Prelúdio)
Prelúdio
(luiz alfredo motta fontana)
A simetria confessava
o plano era perfeito
As cores sublinhavam
era clássico o estilo
Tua nudez
tensa, úmida
anunciava
Era meu
o desejo
Seria teu
o entreato
segunda-feira, 4 de janeiro de 2016
Bar é poesia (Suores)
Suores
(luiz alfredo motta fontana)
tardes são longas
demoram
parecem reter o tempo
tardes envelhecem
perdem o viço
fenecem
tardes morrem sem luares
talvez por isso
choram suores
tardes persistem
domingo, 3 de janeiro de 2016
Bar é poesia (Sem pena do trema)
(luiz alfredo motta fontana)
mutilaram o sagüi
por decreto
tiraram-lhe o trema
sem pena
tiraram-lhe o trema
sem pena
eloqüente
o pingüim argüiu
o pingüim argüiu
agüentaremos?
sábado, 2 de janeiro de 2016
Bar é poesia (Exílio)
(luiz alfredo motta fontana)
Ao acordar
pressentiu...
Ao tomar consciência
desesperou...
isolado,
desterrado,
banido.
Uma pena a cumprir?
Uma sentença sem apelação?
O pior dos homens?
Não...
...apenas a conexão com defeito!
quinta-feira, 31 de dezembro de 2015
Bar é poesia (Fim da folhinha)
Fim da folhinha
(luiz alfredo motta fontana)
Fim da folhinha
promessas vãs expiram
Fim da folhinha
culpas e medos
Fim da folhinha
lava-se em branco, manchas e marcas
Fim da folhinha
sobreviver ainda é possível
para além do derradeiro dia
quarta-feira, 30 de dezembro de 2015
Bar é poesia (Refaz)
Refaz
(luiz alfredo motta fontana)
No fim do banho
o começo do dia
aroma renovado
Bar é poesia (Desalento)
Desalento
(luiz alfredo motta fontana)
O violão sem cordas
testemunha do abandono
repousa em mesa ao centro
Ao lado dele
velho cachimbo
frio, sem tabaco, sem cheiros
faz companhia à garrafa vazia
com rótulo escocês
No chão, folhinha antiga
dias marcados
significados perdidos
Na parede, o retrato
musa abandonada
sem direito à versos
esboça ainda
Na parede, o retrato
musa abandonada
sem direito à versos
esboça ainda
um sorriso amarelado
terça-feira, 29 de dezembro de 2015
Bar é poesia (Trégua)
Trégua
(luiz alfredo motta fontana)
Para além do mamoeiro
Sanhaço imita o céu
O menino
por tédio
aposenta o estilingue
por tédio
aposenta o estilingue
Sabiás flauteiam
A tarde dormita
escapando entre meus dedos
Não há juras
nem anéis
Bar é poesia (Sem selo)
Sem selo
(luiz alfredo motta fontana)
Conheço esta esquina
O fluxo, o refluxo, o som, o medo
Conheço esta calçada
O passo, a fuga, o retorno, o frio
Conheço esta rua
portas, janelas, recuos
muros
baldios
em sombras
Só não te reconheço
O soluço, o suor, o arfar
estes os mesmos
Perdeste as vestes, a fantasia, o charme
Ficaste igual à tantas outras
Só não te reconheço
O soluço, o suor, o arfar
estes os mesmos
Perdeste as vestes, a fantasia, o charme
Ficaste igual à tantas outras
Nua e triste
Restou o endereço
Quase em pânico
Restou o endereço
Quase em pânico
o carteiro
adivinhou-se
perdido
sem selo
domingo, 20 de dezembro de 2015
Bar é poesia (Tão me chamando pra pisar na areia)
Tão me chamando pra pisar na areia
(luiz alfredo motta fontana)
Tão me chamando pra pisar na areia
Tão me dizendo que chegou a hora
Tão me falando pra não me atrasar
Adeus Maria, chegou minha hora
Adeus menina, aqui não é meu lugar
Vou indo cruzar a linha
No meu jeito bem devagar
Mesmo assim não perco a hora
Mesmo assim vou mergulhar
Tão me chamando pra pisar na areia
Tão me dizendo que chegou a hora
Tão me falando pra não me atrasar
Adeus Maria
Adeus maninha
Adeus esquinas
Além da linha
Vou mergulhar
Tão me chamando pra pisar na areia
Tão me dizendo que chegou a hora
Tão me falando pra não me atrasar
(luiz alfredo motta fontana)
Tão me chamando pra pisar na areia
Tão me dizendo que chegou a hora
Tão me falando pra não me atrasar
Adeus Maria, chegou minha hora
Adeus menina, aqui não é meu lugar
Vou indo cruzar a linha
No meu jeito bem devagar
Mesmo assim não perco a hora
Mesmo assim vou mergulhar
Tão me chamando pra pisar na areia
Tão me dizendo que chegou a hora
Tão me falando pra não me atrasar
Adeus Maria
Adeus maninha
Adeus esquinas
Além da linha
Vou mergulhar
Tão me chamando pra pisar na areia
Tão me dizendo que chegou a hora
Tão me falando pra não me atrasar
sexta-feira, 18 de dezembro de 2015
Bar é poesia (Acompanhando o gelo)
Acompanhando o gelo
(luiz alfredo Motta fontana)
O bar, não era o mesmo
Novo, o garçon
A cozinha, renovada
A rua, era a mesma
O bairro, mudara
Em cada varanda, esperanças outras
Na esquina, a ausência do medo
Na placa, a certeza do acerto
Vida longa?
O que faltara?
Talvez, um murmurinho, do passado
Antes, inquieto
Agora, mudo, calmo, desfeito
O bar não era o mesmo
Nem o poeta
Menos ainda, o poema
Os versos, agora escorriam
acompanhando o gelo.
sábado, 12 de dezembro de 2015
Bar é poesia (O átimo)
O átimo
(luiz alfredo motta fontana)
O mergulho
cristal no malte contido
não mais gelo
reinventa-se
em singela brisa ao paladar
terça-feira, 8 de dezembro de 2015
Bar é saudade - Alfredo Fontana
Pai
8 de dezembro
Teu aniversário
Minha saudade persiste por 50 anos
Pai
Te abraço a cada lembrança!
quarta-feira, 18 de novembro de 2015
Bar é poesia (momento)
momento
(luiz alfredo motta fontana)
era um colibri
e distraidamente
beijava a tarde
Bar é poesia (não estranhe)
não estranhe
(luiz alfredo motta fontana)
não estranhe,
o vazio é parceiro,
imenso,
sem cheiro, sem sabor,
apenas quieto
não chore,
lágrimas se perderiam em meio à seca,
não mais umidade, não mais o riso escancarado,
apenas os bons modos,
a lembrança do que foi será estorvo
não volte,
será inútil,
o que brevemente fomos,
por acidente ou teimosia,
acabou em escolhas
segunda-feira, 16 de novembro de 2015
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