Erlich - El País, es
terça-feira, 30 de setembro de 2014
Bar é poesia (sem as marcas)
sem as marcas
(luiz alfredo motta fontana)
não estranhes
não refugues
pode ser
que não reconheças
talvez
até após o vestir
te julgues nua
mas...
acredites
meus versos
te refletem
sem as marcas
que deixaram em ti
segunda-feira, 29 de setembro de 2014
Bar é poesia (Quando...)
Quando...
(luiz alfredo motta fontana)
quando
teu olhar é meu parceiro
quando
teu falar é som do meu querer
quando
relatos se entrelaçam
quando
o depois tem gosto do que foi
quando
mesmo sem, estamos com
quando
o jazz envolve a mesa
quando
é leve o aroma do malte
quando
a noite renasce em versos
resta conjugar o pretérito
embora mais do que perfeito
sobreviver em afago
que repousa no lembrar
quando...
quando...
domingo, 28 de setembro de 2014
Bar é poesia (A poltrona azul)
A poltrona azul
(luiz alfredo motta fontana)
A sala
provisória
os móveis antigos
sem lembranças
minhas, ou tuas
Ela, a poltrona
por sua vez, em destaque
Azul
nunca fora de lá
como nossos momentos
apenas refugiou carinhos
Azul
sobre todas as coisas
Bela
como tu
Estrangeira
como eu
Um passado
tecido em azul
sábado, 27 de setembro de 2014
Bar é poesia (sua avenida era outra)
sua avenida era outra
(luiz alfredo motta fontana)
sua avenida era outra
não mais passista da escola
não mais ao alcance do beijo
não mais a um passo
de sua rainha
de outros carnavais
o seu samba era o mesmo
a harmonia
o ritmo
seus passos
ainda desenhavam
desejos nunca encabulados
na passarela de seus encantos
mas, sua avenida era outra
distante dos risos e abraços
seu samba ainda era o mesmo
acompanhado do pandeiro
dividindo o carnaval
entre certezas e o depois
recolhendo fantasias
salpicadas de luares
sua avenida era outra
nela desfilava a ausência
novo destaque de seu carnaval
cercada pela ala
ainda animada
deste eterno Pierrot
vestido de afagos
à mulher amada
sua avenida era outra
seu samba
agora sem rainha
o mesmo
sexta-feira, 26 de setembro de 2014
Bar é matinée - "New Orleans" (Completo) Legendado 1947 direct by Arthur Lubin
Billie Holiday
Louis Armstrong an his band
Woody Herman and his Orchestra
Bar é poesia (La nuit de pleine lune)
La nuit de pleine lune
(luiz alfredo motta fontana)
Tênue
quase invisível
leve
como se brisa fosse
delicada
envolta em aroma de fleurs des champs
Tua nudez
surgiu
iluminada
mistérios da nuit de pleine lune
mistérios da nuit de pleine lune
Bar é poesia (Lavados)
Lavados
(luiz alfredo motta fontana)
Não fosse a tola ideia
na verdade
ato rotineiro
de acordar no chuveiro
os versos sonhados
estariam aqui
e não lavados
quinta-feira, 25 de setembro de 2014
Bar é poesia (A orquídea e as tias)
A orquídea e as tias
(luiz alfredo motta fontana)
insiste em florir
na época
fora dela
a cada dia
despudorada, que só vendo
ela testemunha
não houve crime
não houve dano
paga-se o preço
apaga-se o abraço
já o sorriso
a cada florada
uma nova risada
apesar de tantas tias
tantas estrias
e nenhuma esperança
quarta-feira, 24 de setembro de 2014
Bar é poesia (Somos)
Somos
(luiz alfredo motta fontana)
Quando teu olhar exibe
Quando tua pele é veste
Quando água é o tato
Somos nós
Somos nus
Somos
Bar é poesia (O gesto necessário)
O gesto necessário
(luiz alfredo motta fontana)
tornara-se ermitão
longe do murmurinho
das esquinas
dos becos
das praças e saídas
aos poucos recuperara
não
a fala excessiva
mas
o olhar que revela
o gesto necessário
confundia-se agora
com o silêncio e seus ditos
tornara-se gente
para além da solidão
segunda-feira, 22 de setembro de 2014
Bar é poesia (Cúmplice)
Cúmplice
(luiz alfredo motta fontana)
Trazia o ar tranquilo,
nele perceptível
a ausência do pesar.
No leve sorrir,
o testemunho
do alçar vôo.
domingo, 21 de setembro de 2014
Bar é poesia (E por falar em Hai Kai)
E por falar em Hai Kai
(luiz alfredo motta fontana)
é primavera
e entre outras coisas
dispo os versos
sábado, 20 de setembro de 2014
Bar é poesia (Eles sonham)
Eles sonham
(luiz alfredo motta fontana)
Os hormônios sonham,
a madrugada
testemunha.
Acordar
com o tato em alerta,
suspender o movimento,
no enlevo do contorno,
discretas evidências.
Os hormônios sonham,
lúdicas curvas,
sons em refúgio.
Os hormônios sonham.
persistem.
Como se jovens fossem!
sexta-feira, 19 de setembro de 2014
Bar é poesia (plena)
plena
(luiz alfredo motta fontana)
a suavidade nos gestos
a graça no falar
o mover que harmoniza
além dos véus
em arte revelada
impera a nudez
o fascínio de quem detém
o saciar dessa sede imensa
quinta-feira, 18 de setembro de 2014
Bar é poesia (Esculpindo)
Esculpindo
(luiz alfredo motta fontana)
O medo
em cristal
disfarce
em sedimentos
O desejo
nunca ousado
repousa quieto
em relevos escuros
A cada cinzel
uma dor
a cada sulco
verte
um prazer
Possuir
torna-se verbo presente
desnudá-la
uma certeza
uma certeza
Sob o medo
além das defesas
respira
úmida
confusa e nua
O cinzel sorri
sob as mãos do escultor
cumprindo seu fado
sem hesitar a traz
em renovados pulsares
Em rubor
delicado e vivo
uma confissão
escorre em aroma
Nele, seu desejo
nela, sua assinatura
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