O vinho de Coimbra
(luiz alfredo motta fontana)
Era uma vez 11 togados
Todos eles abrigados
numa bela estalagem
Diziam que seu ofício
era especializado
Sentiam-se tão seguros
que alongavam os prazos
Era uma vez um deles
Cuja mãe era amiga
Da Marisa e não da Rose
O que lhe valeu a unção
Era uma vez uma ciclista
Que temia o destino
Entre suas paixões
Jantares e vinho lusitanos
E assim foram pegos
Por um olhar atrevido
Culparam o acaso
Pelas manchas do vinho
Que farão os outros dez?
Serão cúmplices calados
Mancharão sua togas?
Que fará o PGR?
Esquecerá sua recondução
Ou simplesmente incluirá
No curriculum a omissão?
Um suspeito já é
Outros dez poderão
Dividir a desdita
Ou romper a submissão
Uma certeza se tem
Por mais espessa a toga
Por mais lenta a Justiça
Conter o odor
Será tarefa inglória
Não há nariz que resista
Aos eflúvios que advêm
do vinho de Coimbra.