quarta-feira, 10 de setembro de 2014
Bar é poesia (O arrepio)
O arrepio
(luiz alfredo motta fontana)
mesmo em tardes
mesmo em rotinas
mesmo distraída
o vento
ou sua ausência
tocava-lhe a pele
e com ele
o arrepio era o mesmo
terça-feira, 9 de setembro de 2014
Bar é poesia (Silêncio em branco)
Silêncio em branco
(luiz alfredo motta fontana)
versos desnorteados
poesia dispersa
fotografias encabuladas
tingindo a esquina
quebrando o caminhar
resta ao poeta
o silêncio em branco
segunda-feira, 8 de setembro de 2014
Bar é poesia (orvalho)
orvalho
(luiz alfredo motta fontana)
musas dançam
na madrugada
poetas insones
desenham em versos
aromas revelam sonhos
tons de prata
entre curvas e meneios
revelam
a nudez
vestida de desejo
a lua
úmida
amanhece em orvalho
domingo, 7 de setembro de 2014
Bar é poesia (Lição de gramática)
Lição de gramática
(luiz alfredo motta fontana)
Sempre a mesma mesa
O mesmo ritual
A garrafa de Black Label
O balde de gelo
A água mineral
A porção, farta, de bolinhos de bacalhau
E o detalhe...
A obsessão por cinzeiros limpos
De novo...
O olhar perdido
De velho...
A ilusão
E tome interjeição!
sábado, 6 de setembro de 2014
Bar é poesia (o descartar de versos)
o descartar de versos
(luiz alfredo motta fontana)
no quase despertar
quando teu corpo espreguiça
quando tua consciência
é mero toque
quando a escolha
entre sorrir
e acabrunhar
ainda pertence
aos sonhos e humores
quando és
quase desperta
o poeta
descarta versos
reconhecendo a poesia
Bar é poesia (La Femme Mûre)
La Femme Mûre
(luiz alfredo motta fontana)
Nela a vida esculpe
a beleza que a poesia insinua
Seus gestos
são versos impúdicos
Seu mover
simula dança
Sua tez
absorve o lúdico
O olhar
alcança o úmido
Sorrindo
flerta com o ambíguo
Conjuga o verbo ir
revelando contudo
um breve retornar
Bar é poesia (Espelho)
Espelho
(luiz alfredo motta fontana)
cada qual no seu cantinho
cada um
com seu igual
enquanto busco
teu aceno
nosso espelho
mesmo quebrado
repete
os sete erros
sexta-feira, 5 de setembro de 2014
Bar é poesia (além das avenidas...)
além das avenidas...
(luiz alfredo motta fontana)
excesso?
a noite deixara marcas
cansaço?
dos atores, do enredo
solução?
limpar o cinzeiro
trocar a mesa,
além do bar
Bar é poesia (menino vadio em breve fuga)
menino vadio em breve fuga
(luiz alfredo motta fontana)
Como em outras noites
tua epiderme cobre
dois, ou três, dos meus sonhos
Tuas mãos suaves
tocam minha sombra
que repousa em teu seio
Acorde só amanhã
ao som
já conhecido
deste menino vadio
em breve fuga
quinta-feira, 4 de setembro de 2014
Bar é poesia (Um pequeno crime)
Um pequeno crime
(luiz alfredo motta fontana)
Eu ouço música
Eu acalento ritmos
Eu tateio acordes
Eu traduzo versos
Eu ouço música
Não como Mario, que também é Quintana
Eu furto música
Com o prazer da cumplicidade
Bar é poesia (Quiromancia indesejada)
Quiromancia indesejada
(luiz alfredo motta fontana)
já conhecia os segredos da própria mão
quase tudo era passado
as surpresas que restaram
além de raras
eram velhas ameaças
quarta-feira, 3 de setembro de 2014
Bar é poesia (Moça Triste)
Moça Triste
(luiz alfredo motta fontana)
Triste fado
nunca despe o traje social
Sorri em disfarce
esconde os anseios
nega o ausente
Moça fina
puro exemplo
nenhuma práxis
Não exala
sublima a cor
Colhe aqui e acolá
acenos educados de aprovação
Bar é poesia (lembranças)
lembranças
(luiz alfredo motta fontana)
ela sorriu
a noite era junho
ele, na memória,
ainda era afago
despiu-se
e ao encontrar o linho
umedeceu
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