quarta-feira, 20 de agosto de 2014
Bar é poesia (O "tal" do amor)
O "tal" do amor
(luiz alfredo motta fontana)
Que não prenda
diz a afoita
Que não cobre
diz o tímido
Que acrescente
diz a empreendedora
Que seja eterno
diz o crédulo
Que se baste
diz a preguiça
Que apareça
digo, e repito!
Bar é poesia (E por falar em John Wayne)
E por falar em John Wayne
(luiz alfredo motta fontana)
O Início
Poeira ao longe
aproximando-se...
O enredo
intrigas, festas,
copos cheios
duelos verbais, decepções,
copos vazios
O inesperado
beijos roubados
da menina que nascera
com quatro ou cinco
futuros sobrenomes possíveis
todos antecipadamente aprovados,
e quase registrados
O romance
Sob luares
sonhos, ilusões
com estilo, com afeto,
O esperado
Quase ao fim
mudanças pequenas
mas significativas
no cenário, no diálogo
Ao mais
um certo cansaço,
torpor,
um sorriso persistente, o olhar
de novo perdido
O final
Poeira ao longe
distanciando-se...
terça-feira, 19 de agosto de 2014
Bar é poesia (Versos sóbrios)
Versos sóbrios
(luiz alfredo motta fontana)
Despidos de poesia
percorrem métricas
Despidos de defeitos
desfilam impávidos
Despidos de nuances
simulam muralhas
Despidos de malícia
esquecem as musas
Bar é fotografia - Raymond Elstad
"Valleys Accusing Mountains of Altitude" - high key
Raymond Elstad
"Valleys Accusing Mountains of Altitude"
Raymond Elstad
Bar é poesia (Leitura do passado)
Leitura do passado
(luiz alfredo motta fontana)
quando
os personagens envelhecem
quando
a platéia encolhe
talvez
é chegada a hora
de trocar, ao menos, o cenário
mas...
o enredo continuará
mesmo que em leitura do passado
segunda-feira, 18 de agosto de 2014
Bar é poesia (O Poeta Ferido)
O Poeta Ferido
(luiz alfredo motta fontana)
O poeta ferido
apesar dos fatos
ainda resiste
Despe-se em versos à musa
cria refúgios na solidão
rega lírios
muda o curso da lua
tornando-a sempre nova
Já a ferida
não cicatriza
afinal
dela brotam os versos
nela vive a poesia
Bar é poesia (O sono do poeta)
O sono do poeta
(luiz alfredo motta fontana)
Nada importa
nada aflige
nada assusta
quando
a lua é manto
e a poesia
dorme ao lado
domingo, 17 de agosto de 2014
Bar é poesia (Como de hábito...)
Como de hábito...
(luiz alfredo motta fontana)
A mão
em descanso
O pescoço
levemente tenso
O olhar
disperso
As pernas
cruzadas
O tempo
escorre em suave canto
Conjugamos conversar
displicentemente
Nas entrelinhas
pequenos detalhes
Conjugo absorver
hesito
em dúvida
Qual?
Qual destes?
tentando capturar todos
pequenos
reveladores
moveres
embebidos em sutilezas
prenhes de ti
Não ouso apontar nenhum
Adio o despir
Como de hábito...
Abraço-te no imaginário.
Bar é poesia (Maquillage permanent)
Maquillage permanent
(luiz alfredo motta fontana)
por mais que tente
por menos que olhe
está em tua imagem
espelhos não mentem
aquele negar
aquele fugir
em teus olhos
é maquillage permanent
sábado, 16 de agosto de 2014
Bar é poesia (Inofensivos detalhes)
Inofensivos detalhes
(luiz alfredo motta fontana)
Caso encontrem
esquecido pelo caminho
o cadinho de minhas certezas
caído ao lado de meus sonhos
junto de, duas ou três, esperanças sem uso
e, mais adiante
uma foto, velhas canções
um tímido sorriso
Não se preocupem
eles enfeitavam minha tristeza
são biodegradáveis
sem valor comercial
com algum cuidado
não irão neles tropeçar
nem restarem manchadas suas vestes
A esta altura
eles já são parte da paisagem
Bar é poesia (Acostamento)
Acostamento
(luiz alfredo motta fontana)
nem tanto pelo descanso
muito menos pelo trânsito
apenas breve pausa
um colher passadas uvas
e o descartar,
caso ainda encontre,
de manchas em magoar bordadas
apenas isso
pausa breve
para depois...
em renovadas curvas
retomar o percurso da ausência
sexta-feira, 15 de agosto de 2014
Bar é poesia (Qual Pompeu)
Qual Pompeu
"Navigare necesse; vivere non est necesse" (Cneu Pompeu Magno)
(luiz alfredo motta fontana)
Nada mais "preciso"
mesmo teu repouso
"Desperta" o olhar
Bar é poesia (Chrysalide)
Chrysalide
(luiz alfredo motta fontana)
Ela era pupa
Ele era calmo
diziam até, um pouco avoado
O namorico
assim foi posto à mesa
Serviço francês, delicado
ela guardava um sorriso
ele um olhar perdido
Após o café
quando servia o licor, percebeu
Ela já não era mais pupa
Ele ainda avoado
num breve aceno
a viu esvoaçando em brisas e luares
Bar é poesia (gelo opaco)
gelo opaco
(luiz alfredo motta fontana)
Quando a noite atravessa
a mesa é desconforto
o gelo opaco
amarga o malte
quando
"o de sempre"
tem gosto
de "não quero mais"
é hora
de retornar
ao banho e à cama
adiando o tango
remoendo boleros
e assoviando samba-canções
Bar é poesia (A distração)
A distração
(luiz alfredo motta fontana)
A mesa, ao canto.
Nela o estranho.
O olhar, além da outra calçada.
O maço de cigarros, pousado, sobre o pano quadriculado da mesa, em parceria com um antigo relógio de bolso.
Nada destoava daquele arranjo.
A dúvida?
Qual personagem ainda faltava?
Que certamente desenharia um sorriso ao fim da espera.
Da sua mesa, no canto oposto, não percebia, nenhum vestígio, nenhum sinal.
Enredo mudo.
Por várias doses nada mudou.
Por fim, num distraído olhar para a moça que passava...
Percebeu...
A espera, como sempre,
era dele.
Bar é poesia (A Musa e a Avenida)
A Musa e a Avenida
(luiz alfredo motta fontana)
Tal qual pintura
assim como música
envolta em arte
ao som do repique da bateria
ao lado do Mestre-sala e Porta- bandeira
com cuidares das baianas
a despeito das Columbinas
sobre o sonhar de Pierrot
será ela
a apoteose
o brilho e cor da festa pagã
Por fim
na calma da quarta em cinzas
envolta em versos
simplesmente Musa
a devolverei ao Olimpo
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