terça-feira, 19 de agosto de 2014
Bar é fotografia - Raymond Elstad
"Valleys Accusing Mountains of Altitude" - high key
Raymond Elstad
"Valleys Accusing Mountains of Altitude"
Raymond Elstad
Bar é poesia (Leitura do passado)
Leitura do passado
(luiz alfredo motta fontana)
quando
os personagens envelhecem
quando
a platéia encolhe
talvez
é chegada a hora
de trocar, ao menos, o cenário
mas...
o enredo continuará
mesmo que em leitura do passado
segunda-feira, 18 de agosto de 2014
Bar é poesia (O Poeta Ferido)
O Poeta Ferido
(luiz alfredo motta fontana)
O poeta ferido
apesar dos fatos
ainda resiste
Despe-se em versos à musa
cria refúgios na solidão
rega lírios
muda o curso da lua
tornando-a sempre nova
Já a ferida
não cicatriza
afinal
dela brotam os versos
nela vive a poesia
Bar é poesia (O sono do poeta)
O sono do poeta
(luiz alfredo motta fontana)
Nada importa
nada aflige
nada assusta
quando
a lua é manto
e a poesia
dorme ao lado
domingo, 17 de agosto de 2014
Bar é poesia (Como de hábito...)
Como de hábito...
(luiz alfredo motta fontana)
A mão
em descanso
O pescoço
levemente tenso
O olhar
disperso
As pernas
cruzadas
O tempo
escorre em suave canto
Conjugamos conversar
displicentemente
Nas entrelinhas
pequenos detalhes
Conjugo absorver
hesito
em dúvida
Qual?
Qual destes?
tentando capturar todos
pequenos
reveladores
moveres
embebidos em sutilezas
prenhes de ti
Não ouso apontar nenhum
Adio o despir
Como de hábito...
Abraço-te no imaginário.
Bar é poesia (Maquillage permanent)
Maquillage permanent
(luiz alfredo motta fontana)
por mais que tente
por menos que olhe
está em tua imagem
espelhos não mentem
aquele negar
aquele fugir
em teus olhos
é maquillage permanent
sábado, 16 de agosto de 2014
Bar é poesia (Inofensivos detalhes)
Inofensivos detalhes
(luiz alfredo motta fontana)
Caso encontrem
esquecido pelo caminho
o cadinho de minhas certezas
caído ao lado de meus sonhos
junto de, duas ou três, esperanças sem uso
e, mais adiante
uma foto, velhas canções
um tímido sorriso
Não se preocupem
eles enfeitavam minha tristeza
são biodegradáveis
sem valor comercial
com algum cuidado
não irão neles tropeçar
nem restarem manchadas suas vestes
A esta altura
eles já são parte da paisagem
Bar é poesia (Acostamento)
Acostamento
(luiz alfredo motta fontana)
nem tanto pelo descanso
muito menos pelo trânsito
apenas breve pausa
um colher passadas uvas
e o descartar,
caso ainda encontre,
de manchas em magoar bordadas
apenas isso
pausa breve
para depois...
em renovadas curvas
retomar o percurso da ausência
sexta-feira, 15 de agosto de 2014
Bar é poesia (Qual Pompeu)
Qual Pompeu
"Navigare necesse; vivere non est necesse" (Cneu Pompeu Magno)
(luiz alfredo motta fontana)
Nada mais "preciso"
mesmo teu repouso
"Desperta" o olhar
Bar é poesia (Chrysalide)
Chrysalide
(luiz alfredo motta fontana)
Ela era pupa
Ele era calmo
diziam até, um pouco avoado
O namorico
assim foi posto à mesa
Serviço francês, delicado
ela guardava um sorriso
ele um olhar perdido
Após o café
quando servia o licor, percebeu
Ela já não era mais pupa
Ele ainda avoado
num breve aceno
a viu esvoaçando em brisas e luares
Bar é poesia (gelo opaco)
gelo opaco
(luiz alfredo motta fontana)
Quando a noite atravessa
a mesa é desconforto
o gelo opaco
amarga o malte
quando
"o de sempre"
tem gosto
de "não quero mais"
é hora
de retornar
ao banho e à cama
adiando o tango
remoendo boleros
e assoviando samba-canções
Bar é poesia (A distração)
A distração
(luiz alfredo motta fontana)
A mesa, ao canto.
Nela o estranho.
O olhar, além da outra calçada.
O maço de cigarros, pousado, sobre o pano quadriculado da mesa, em parceria com um antigo relógio de bolso.
Nada destoava daquele arranjo.
A dúvida?
Qual personagem ainda faltava?
Que certamente desenharia um sorriso ao fim da espera.
Da sua mesa, no canto oposto, não percebia, nenhum vestígio, nenhum sinal.
Enredo mudo.
Por várias doses nada mudou.
Por fim, num distraído olhar para a moça que passava...
Percebeu...
A espera, como sempre,
era dele.
Bar é poesia (A Musa e a Avenida)
A Musa e a Avenida
(luiz alfredo motta fontana)
Tal qual pintura
assim como música
envolta em arte
ao som do repique da bateria
ao lado do Mestre-sala e Porta- bandeira
com cuidares das baianas
a despeito das Columbinas
sobre o sonhar de Pierrot
será ela
a apoteose
o brilho e cor da festa pagã
Por fim
na calma da quarta em cinzas
envolta em versos
simplesmente Musa
a devolverei ao Olimpo
quinta-feira, 14 de agosto de 2014
Bar é poesia (nuance)
nuance
(luiz alfredo motta fontana)
no reflexo dos versos
em tons indiscretos
teu corpo revela
o caminho do olhar
Bar é poesia (O tropeço)
O tropeço
(luiz alfredo motta fontana)
Há tempos não vestia outonos
não fechava bares
não desafinava Caymmi
Esquecera o acordar vazio
nada além da sede
após o torpor
antes do adiar
Há tempos não colecionava imprecisões
Foi assim
distraído
que tropeçou em teu luar.
Bar é poesia (redundante)
redundante
(luiz alfredo motta fontana)
o tempo
quando o novo é menor que o velho
apronta das suas
em águas renovadas
escasseiam novos sonhos
borbulham antigas charadas
emergem tesouros guardados
renascem antigas partituras
transbordam memórias
prazer efêmero
enfim conjugar
mesmo que silenciosamente
aquele estranho verbo
redundante e reflexivo
outrora esquecido
em estrófe última
autobiografar-se
para
de novo sonhar
Bar é poesia (Ausência)
Ausência
(luiz alfredo motta fontana)
não importa a mesa
não importa o bar
nem mesmo a idade do malte
entre um cigarro e outro
mesmo com o sambinha ao fundo
alheia ao murmurinho
tua ausência nua
estará ao lado
quarta-feira, 13 de agosto de 2014
Bar é poesia (era poesia)
era poesia
(luiz alfredo motta fontana)
era poesia
eram versos
eram cantos à musa
o luar
te revelou em prata
à noite
te fez nua
ainda era poesia
mas umedecia
para além dos versos
Bar é poesia (Carícia)
Carícia
(luiz alfredo motta fontana)
O dia fora longo
prazos cumpridos, caminhos percorridos
A noite era carícia
a brisa, o bem estar
no bar, o piano
dedilhado suavemente
A pianista
um toque de film noir
o aroma do carvalho seduzia
O irresistível
ela tocava As time goes bye
Bar é poesia (a poesia é úmida)
a poesia é úmida
(luiz alfredo motta fontana)
luares nunca estão sós
mesmo em noites de lua cheia
neles,
os versos das musas
nelas,
segredos e orvalhos
afagos brincam com saudades
desejos confessam ausências
poetas despem musas
versos brilham ao chão
na noite
sob o luar
a poesia é úmida
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