terça-feira, 12 de agosto de 2014
Bar é poesia (Endereço perdido)
Endereço perdido
(luiz alfredo motta fontana)
Num vaso
o deserto de flores
apenas confessa
a espera
por explícitos prazeres
No alpendre
tua ausência
mesmo à sombra
é marca registrada
Já as janelas
respiram
ou apenas espiam?
Bar é poesia (Pretérito "mais" que perfeito)
Pretérito "mais" que perfeito
(luiz alfredo motta fontana)
Quando não há futuro
Quando a paz já te envolve
Quando nenhum resquício
de dor ou mágoa
sobrevive
Quando enfim caminhas
lento, mas seguro
Podes
qual a mão que tange o arco
em prelúdios de Bach
Conjugar terna e delicadamente
o pretérito "mais" que perfeito
do verbo antes soluçado
Bar é poesia [Ela(s)]
Ela(s)
(luiz alfredo motta fontana)
Ela queria saber minha profissão
eu estava ouvindo música
Ela queria saber o meu presente
eu sorvia um scotch
Ela queria saber meu sobrenome
eu tragava o cigarro
Ela queria saber o meu futuro
eu estava nu
Ela...
eu já não estava ali
Bar é poesia (Decote)
Decote
(luiz alfredo motta fontana)
Decotado verso
entreaberto em seios
Curta poesia
mal lhe cobre as curvas
delicado acessório
Já o brilho
é de seus lábios
segunda-feira, 11 de agosto de 2014
Bar é poesia (porque era só...)
porque era só...
(luiz alfredo motta fontana)
porque era noite
despiu-se
porque era triste
sorriu
porque não lhe pertencia
entregou-se
porque era sonho
guardou como seu
Bar é poesia (Cinzas)
Cinzas
(luiz alfredo motta fontana)
no olhar, o sonho
nos lábios, vestígios
nos gestos, o cansaço
no corpo, a fantasia rasgada
na avenida, recordações em confetes esquecidos
Bar é poesia ("Alegria antiga")
"Alegria Antiga"
(luiz alfredo motta fontana)
Quando você passar
entre Pierrots e Columbinas
quando você gingar
ao repicar dos tamborins
Seguirei o corso
mesmo que atravessando
o samba e a avenida
vestindo a fantasia
de "Alegria antiga"
domingo, 10 de agosto de 2014
Bar é poesia - Pai
Pai
(luiz alfredo motta fontana)
Teu olhar
minha herança
Teu silêncio
lição branda
Tua benção
minha desculpa
Bar é poesia (Três lacunas)
Três lacunas
(luiz alfredo motta fontana)
Três são as ausências
consentidas
íntimas
compõem a biografia
Vestiram matizes de cinza
em sombras
os relevos distorcem
culpas despidas de medo
dançam velhos minuetos
Três são as lacunas
as tenho
preservo
em meio à tristeza
as brindo
sábado, 9 de agosto de 2014
Bar é poesia (Um Beijo)
Um beijo
(luiz alfredo motta fontana)
Solto
ao pé do poema
na sombra úmida dos versos
um beijo espreita
à espera da musa
que distraída vagueia em prosa
Bar é poesia (não adianta...)
não adianta...
(luiz alfredo motta fontana)
por mais que tentes
por mais que recuses
escondas, finjas
e até reajas
ainda assim
teu olhar transborda
em chuva fina
sexta-feira, 8 de agosto de 2014
Bar é poesia (O teu dormir)
O teu dormir
(luiz alfredo motta fontana)
Teu dormir
estampa o último prazer
Tua pele
repousa em suave confissão
Tuas mãos
retém promessas
Teu corpo
testemunha em curvas
teus desejos
O olhar
te despe e reveste
Teu dormir
umedece o sonhar
Bar é poesia (Nu, de nós dois)
Nu, de nós dois
(luiz alfredo motta fontana)
A mesa
a mesma, ao canto
O malte
em copo baixo, e gelo
O olhar
distraído, como sempre
A diferença
0 estar nu, de nós dois
Bar é poesia (Velha canção)
Velha canção
(luiz alfredo motta fontana)
Enquanto danças
em palcos outros
Há sede nos versos
para além do poema
em palcos outros
Há sede nos versos
para além do poema
Enquanto o coro
busca adivinhar
teus próximos passos
guiados no rigor
de inédita música
busca adivinhar
teus próximos passos
guiados no rigor
de inédita música
entre um trago e o copo
a pausa fria
de tua ausência
dá novo arranjo à velha canção
quinta-feira, 7 de agosto de 2014
Bar é poesia (Mesa Vazia)
Mesa Vazia
(luiz alfredo motta fontana)
Enquanto houver
uma só mesa vazia para ocupar
Mesmo que distante
mesmo que ao canto
Haverá a possibilidade de um verso
entoado como refrão
ocupando sutilmente
o abandono
Nela pedirei copo e gelo
O aroma do carvalho
dando sentido ao poema
iludirá o desconforto
mesmo que finda a cena
Bar é poesia (ainda...)
ainda...
(luiz alfredo motta fontana)
não
não perdi o orgulho
apenas o prazer de o desfilar
não
não desisti da vida
ao contrário
a redescobri
ou melhor
a descobri nos intervalos
não
não aprendi a saída
sei agora
que está além de mim
não
não guardei rancores
evito somente
o mal-estar de certos reencontros
sim
ainda sonho...
ainda sinto
ainda choro
ainda...
e...
por certo
ouço música
quarta-feira, 6 de agosto de 2014
Bar é poesia (A garota do adeus)
A garota do adeus
(luiz alfredo motta fontana)
Um dia
lhe entregou o adeus...
Delicado, leve,
em tons de azul,
com retoques em prata.
Feito da mais pura solidão,
torneado a fogo,
com o brilho transparente da angústia.
A textura flexível,
de quem enfim compreendera...
Ela aceitou,
insistira tanto por ele.
Embrulhou num sorrir,
guardou na própria tristeza,
ao lado do velho desistir...
Até hoje, nas tardes,
e prenúncios da noite,
ela brinca
ele sempre a mão.
Nunca mais só
a garota do adeus
terça-feira, 5 de agosto de 2014
Bar é poesia - O Scarpin
O Scarpin
(luiz alfredo motta fontana)
Esguio
veste várias etiquetas
desfila em alamedas
salões, e até cafés.
Esculpido
posto que é arte
estações após estações
Cruel
sobre ele, o desafio
poucas sobrevivem
A elegância agradece!
Bar é poesia (Inspiração)
Inspiração
(luiz alfredo motta fontana)
encontro o tom
calço o estilo
danço o bolero
já teu decote
inspira
a mirar-te em tango
segunda-feira, 4 de agosto de 2014
Bar é poesia (Hora imprópria)
Hora imprópria
(luiz alfredo motta fontana)
um oi interrompido
ainda nu
quedou-se junto aos afagos
um talvez envergonhado
cobriu-se
prometendo retornar
no chão
um verso ainda cru
testemunhou a ousadia
já a poesia
agendava datas
e horas nuas
Bar é poesia (E por falar em GPS)
E por falar em GPS
(luiz alfredo motta fontana)
Certas esquinas guardam poesia
Certos caminhos entoam canções
Certos vagares revelam surpresas
Incerto?
Só o caminhar de quem está só!
domingo, 3 de agosto de 2014
Bar é poesia (Tango)
Tango
(luiz alfredo motta fontana)
Os dois em moveres,
ela flutua
ele moldura
ela leve
ele suave
ela em meneios
ele atento
ela quase solta
ele contido
ela serpente
ele caule
ela floresce
ele aquece
eles...
momentos
O Tango...
permanece
sábado, 2 de agosto de 2014
Bar é poesia (Da impossibilidade)
Da impossibilidade
(luiz alfredo motta fontana)
Era um tempo
em que
driblando a magia
o querer
rimou com teu não
Bar é poesia (Crônicas de guerra)
Crônicas de Guerra
(luiz alfredo motta fontana)
Combates existem
deixando suas marcas
de frio e abandono
ao meio da esperança
Memórias sobrevivem
eivadas de espanto
tingidas com tristeza
sob o fardo de desculpas encomendadas
Lutas existem
em suas escaramuças o revelar
o estar só
guardando teimosamente o lume
Sobreviventes persistem
unidos pelo mesmo sentir
portando os mesmos olhares
perdidos na ausência de horizonte
Meninos que um dia se encantaram
trazendo com elesperdidos na ausência de horizonte
Meninos que um dia se encantaram
o mesmo brilho
furtado de breves luas
sexta-feira, 1 de agosto de 2014
Bar é poesia (Chuva fina)
Chuva fina
(luiz alfredo motta fontana)
Certas manhãs têm chuva fina
temperatura amena
úmido o ar
Momentos incertos
têm tua ausência
úmidos
serenos
mesmo que tristesserenos
Manhãs com chuva fina
sem trovões
só murmúrios
um lento escorrer
pelas frestas do tempo
Certas manhãs têm seus momentos
em quase todos
tua umidade
Bar é poesia (Cena insólita)
Cena insólita
(luiz alfredo motta fontana)
Não apareça de surpresa
Não ouse obter o flagrante
Não saberia o que dizer
Como explicar?
Não tem como negar
Depois de vagar sem rumo
resolvi...
Fiquei íntimo
de tua ausência
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