segunda-feira, 11 de agosto de 2014
Bar é poesia (Cinzas)
Cinzas
(luiz alfredo motta fontana)
no olhar, o sonho
nos lábios, vestígios
nos gestos, o cansaço
no corpo, a fantasia rasgada
na avenida, recordações em confetes esquecidos
Bar é poesia ("Alegria antiga")
"Alegria Antiga"
(luiz alfredo motta fontana)
Quando você passar
entre Pierrots e Columbinas
quando você gingar
ao repicar dos tamborins
Seguirei o corso
mesmo que atravessando
o samba e a avenida
vestindo a fantasia
de "Alegria antiga"
domingo, 10 de agosto de 2014
Bar é poesia - Pai
Pai
(luiz alfredo motta fontana)
Teu olhar
minha herança
Teu silêncio
lição branda
Tua benção
minha desculpa
Bar é poesia (Três lacunas)
Três lacunas
(luiz alfredo motta fontana)
Três são as ausências
consentidas
íntimas
compõem a biografia
Vestiram matizes de cinza
em sombras
os relevos distorcem
culpas despidas de medo
dançam velhos minuetos
Três são as lacunas
as tenho
preservo
em meio à tristeza
as brindo
sábado, 9 de agosto de 2014
Bar é poesia (Um Beijo)
Um beijo
(luiz alfredo motta fontana)
Solto
ao pé do poema
na sombra úmida dos versos
um beijo espreita
à espera da musa
que distraída vagueia em prosa
Bar é poesia (não adianta...)
não adianta...
(luiz alfredo motta fontana)
por mais que tentes
por mais que recuses
escondas, finjas
e até reajas
ainda assim
teu olhar transborda
em chuva fina
sexta-feira, 8 de agosto de 2014
Bar é poesia (O teu dormir)
O teu dormir
(luiz alfredo motta fontana)
Teu dormir
estampa o último prazer
Tua pele
repousa em suave confissão
Tuas mãos
retém promessas
Teu corpo
testemunha em curvas
teus desejos
O olhar
te despe e reveste
Teu dormir
umedece o sonhar
Bar é poesia (Nu, de nós dois)
Nu, de nós dois
(luiz alfredo motta fontana)
A mesa
a mesma, ao canto
O malte
em copo baixo, e gelo
O olhar
distraído, como sempre
A diferença
0 estar nu, de nós dois
Bar é poesia (Velha canção)
Velha canção
(luiz alfredo motta fontana)
Enquanto danças
em palcos outros
Há sede nos versos
para além do poema
em palcos outros
Há sede nos versos
para além do poema
Enquanto o coro
busca adivinhar
teus próximos passos
guiados no rigor
de inédita música
busca adivinhar
teus próximos passos
guiados no rigor
de inédita música
entre um trago e o copo
a pausa fria
de tua ausência
dá novo arranjo à velha canção
quinta-feira, 7 de agosto de 2014
Bar é poesia (Mesa Vazia)
Mesa Vazia
(luiz alfredo motta fontana)
Enquanto houver
uma só mesa vazia para ocupar
Mesmo que distante
mesmo que ao canto
Haverá a possibilidade de um verso
entoado como refrão
ocupando sutilmente
o abandono
Nela pedirei copo e gelo
O aroma do carvalho
dando sentido ao poema
iludirá o desconforto
mesmo que finda a cena
Bar é poesia (ainda...)
ainda...
(luiz alfredo motta fontana)
não
não perdi o orgulho
apenas o prazer de o desfilar
não
não desisti da vida
ao contrário
a redescobri
ou melhor
a descobri nos intervalos
não
não aprendi a saída
sei agora
que está além de mim
não
não guardei rancores
evito somente
o mal-estar de certos reencontros
sim
ainda sonho...
ainda sinto
ainda choro
ainda...
e...
por certo
ouço música
quarta-feira, 6 de agosto de 2014
Bar é poesia (A garota do adeus)
A garota do adeus
(luiz alfredo motta fontana)
Um dia
lhe entregou o adeus...
Delicado, leve,
em tons de azul,
com retoques em prata.
Feito da mais pura solidão,
torneado a fogo,
com o brilho transparente da angústia.
A textura flexível,
de quem enfim compreendera...
Ela aceitou,
insistira tanto por ele.
Embrulhou num sorrir,
guardou na própria tristeza,
ao lado do velho desistir...
Até hoje, nas tardes,
e prenúncios da noite,
ela brinca
ele sempre a mão.
Nunca mais só
a garota do adeus
terça-feira, 5 de agosto de 2014
Bar é poesia - O Scarpin
O Scarpin
(luiz alfredo motta fontana)
Esguio
veste várias etiquetas
desfila em alamedas
salões, e até cafés.
Esculpido
posto que é arte
estações após estações
Cruel
sobre ele, o desafio
poucas sobrevivem
A elegância agradece!
Bar é poesia (Inspiração)
Inspiração
(luiz alfredo motta fontana)
encontro o tom
calço o estilo
danço o bolero
já teu decote
inspira
a mirar-te em tango
segunda-feira, 4 de agosto de 2014
Bar é poesia (Hora imprópria)
Hora imprópria
(luiz alfredo motta fontana)
um oi interrompido
ainda nu
quedou-se junto aos afagos
um talvez envergonhado
cobriu-se
prometendo retornar
no chão
um verso ainda cru
testemunhou a ousadia
já a poesia
agendava datas
e horas nuas
Bar é poesia (E por falar em GPS)
E por falar em GPS
(luiz alfredo motta fontana)
Certas esquinas guardam poesia
Certos caminhos entoam canções
Certos vagares revelam surpresas
Incerto?
Só o caminhar de quem está só!
domingo, 3 de agosto de 2014
Bar é poesia (Tango)
Tango
(luiz alfredo motta fontana)
Os dois em moveres,
ela flutua
ele moldura
ela leve
ele suave
ela em meneios
ele atento
ela quase solta
ele contido
ela serpente
ele caule
ela floresce
ele aquece
eles...
momentos
O Tango...
permanece
sábado, 2 de agosto de 2014
Bar é poesia (Da impossibilidade)
Da impossibilidade
(luiz alfredo motta fontana)
Era um tempo
em que
driblando a magia
o querer
rimou com teu não
Bar é poesia (Crônicas de guerra)
Crônicas de Guerra
(luiz alfredo motta fontana)
Combates existem
deixando suas marcas
de frio e abandono
ao meio da esperança
Memórias sobrevivem
eivadas de espanto
tingidas com tristeza
sob o fardo de desculpas encomendadas
Lutas existem
em suas escaramuças o revelar
o estar só
guardando teimosamente o lume
Sobreviventes persistem
unidos pelo mesmo sentir
portando os mesmos olhares
perdidos na ausência de horizonte
Meninos que um dia se encantaram
trazendo com elesperdidos na ausência de horizonte
Meninos que um dia se encantaram
o mesmo brilho
furtado de breves luas
sexta-feira, 1 de agosto de 2014
Bar é poesia (Chuva fina)
Chuva fina
(luiz alfredo motta fontana)
Certas manhãs têm chuva fina
temperatura amena
úmido o ar
Momentos incertos
têm tua ausência
úmidos
serenos
mesmo que tristesserenos
Manhãs com chuva fina
sem trovões
só murmúrios
um lento escorrer
pelas frestas do tempo
Certas manhãs têm seus momentos
em quase todos
tua umidade
Bar é poesia (Cena insólita)
Cena insólita
(luiz alfredo motta fontana)
Não apareça de surpresa
Não ouse obter o flagrante
Não saberia o que dizer
Como explicar?
Não tem como negar
Depois de vagar sem rumo
resolvi...
Fiquei íntimo
de tua ausência
quinta-feira, 31 de julho de 2014
Poesia do dia (Em meu olhar)
Em meu olhar
(luiz alfredo motta fontana)
Antes do brilho
antes do encanto
antes do prazer
o percorrer sombras
o adivinhar medos
o suspense
o despir
para só então
banhar-se em meu olhar
quarta-feira, 30 de julho de 2014
Dona Dilma no país da hipocrisia, uma ode ao "Mercado"
O "Mercado" e Dilma discutem a relação.
O imbróglio Santander/Dilma ao menos produz um magistral artigo de Josias de Souza que o Blogbar transcreve:
"Demissão de analista do Santander é hipocrisia
A três meses da eleição presidencial, o mercado financeiro vive o seguinte drama: metade da equipe de analistas está nervosa porque Dilma diz que a economia vai bem mas sabe que ela está mentindo e prepara ajustes para o caso de ser reeleita. A outra metade da equipe de analistas está nervosa porque Dilma diz que a economia vai bem e sabe que ela acredita mesmo nisso e não preparou nenhum ajuste. E Dilma está nervosa porque não sabe se diz que fará ajustes que ainda não preparou ou se prepara os ajustes e não diz. Ou vice-versa.
Foi contra esse pano de fundo confuso que o Santander enviou aos seus correntistas endinheirados um boletim sustentando a tese segundo a qual o sucesso eleitoral de Dilma potencializará a deterioração da conjuntura econômica. A plateia não viu a cara do autor do texto. Mas o vazamento da análise fez dele —ou seria ela?— o fantasma mais execrado da República.
O presidente do PT, Rui Falcão, chamou o desconhecido de terrorista. Lula vestiu saia no hectoplasma: “Essa moça não entende porra nenhuma do Brasil”. E endereçou um conselho para Emilio Botín, presidente mundial do Santander: “Ô, Botín, é o seguinte, meu querido: manter uma mulher dessa num cargo de chefia, sinceramente… Pode mandar embora. E dá o bônus dela pra mim, que eu sei como falo.”
Dilma preferiu o timbre de ameaça. “É inaceitável”, ela disse. “É inadmissível”, vociferou. “Eu vou ter uma atitude bastante clara em relação ao banco.'' Emparedado, o companheiro Botín veio à boca do palco para informar que o Santander teria enviado ao olho da rua a pessoa que redigiu o tal informe. Absteve-se de dar pseudônimo aos bois. A sinceridade do gesto é tão confiável quanto o catolicismo do banqueiro que se persígna ao passar pela porta de uma igreja.
Sendo o percentual de admiração e bondade das casas bancárias e dos operadores do mercado muito reduzido, o melhor a fazer antes de sair por aí dando urros, patadas e destilando ódio contra um fantasma, é reparar no ridículo que permeia a cena. Ganha um cargo de direção no Santander e um troféu de ingenuidade quem acreditar que uma análise de conjuntura chegaria às mãos dos correntistas mais ricos de um dos maiores bancos do mundo com conteúdo alheio ao pensamento da casa.
Admita-se, para efeito de raciocínio, que a análise anti-Dilma seja obra solitária de um fantasma com CPF e RG. Nessa hipótese, seu crime teria sido o de deitar sobre o papel raciocínios econômicos sussurrados por onze de cada dez analistas de mercado. Seu propósito não seria o de influir no vaivém das pesquisas, mas o de orientar os investimentos da clientela bem-posta do Santander. Uma caciquia que frequenta a tribo dos que conservam algo como R$ 2 trilhões investidos em fundos mútuos no Brasil —o grosso alocado em títulos da dívida pública.
Essa gente não está interessada na opinião de Rui Falcão, de Lula ou de Dilma. Essa gente quer ganhar dinheiro. E os ganhos aumentam na proporção direta dos desacertos da política fiscal do governo. Funciona assim: o Tesouro gasta mais do que o fisco arrecada. Em vez de apertar o cinto, a Fazenda recorre à criatividade contábil.
Para cobrir suas despesas, Brasília endivida-se até a raiz dos seus cabelos, dos meus, dos nossos cabelos. Não resta ao Banco Central senão elevar a taxa de juros. E ao Tesouro, pagar a remuneração necessária para se manter solvente. Em vez de investir na produção de copos e palitos de fósforos, a tribo dos fundos mútuos investe no papelório do governo. E o PIB definha. Nesse ambiente, a tempestade produzida pela análise do fantasma do Santander surte o mesmo efeito de um tablete de Alkaseltzer: é tempestade num copo d’água. O máximo que pode produzir é a migração para outros bancos dos clientes que se julgarem mal aconselhados.
O que provoca a lipoaspiração dos índices de Dilma nas pesquisas não são as análises do mercado, mas os efeitos que a inflação exerce na rotina dos assalariados e dos beneficiários do Bolsa Família. Esse pedaço do eleitorado está interessado no café com leite, não nos boletins do Santander. Num país inflacionário, seu principal problema é que sobra cada vez mais mês no fim da remuneração.
Nesse contexto, a suposta demissão de um analista-fantasma do Santander é mera hipocrisia. Se a moda pega, haverá um desemprego em massa no mercado financeiro. Se Lula e o petismo querem mesmo socorrer Dilma, é melhor esquecer os fantasmas e tentar convencê-la de que atribuir todos os desacertos econômicos à crise financeira internacional é o caminho mais longo entre o projeto reeleitoral e sua realização."
Poesia do dia (O gato)
O gato
(luiz alfredo motta fontana)
testemunha?
um gato rente ao muro
o luar entreabria a cena
a mesma rua, o mesmo portão
a cumplicidade das 3:10 da manhã
tudo era igual
ou quase...
pela simples razão
que teu dormir
agora é solitário
e o gato?
já esgueira em novo jardim
terça-feira, 29 de julho de 2014
Bar é prosa (Uma prosa com aroma de poesia!)
Uma prosa com aroma de poesia!
(luiz alfredo motta fontana)
Aprendi com Vinícius que amigos não são feitos, mas reconhecidos.
E assim vivi, reconhecendo um aqui, outro acolá.
Nunca os tive em quantidade, nem os quis assim, sou daqueles que precisam de um tempo, de um rito, de uma razão, de um momento.
Entretanto, por vezes, fui tomado pelo assombro, rodeado de convivas, tão duradouros quanto as festas, tão solícitos quanto os valetes de bons restaurantes.
Por vezes me vejo deserto de amizades, desprovido de cumplicidade, deslocado em minha mesa, estrategicamente ao canto, encantadoramente distante, embora ao alcance de um aceno.
Mas ainda assim, os amigos, eu os tenho, alguns em repouso, em algum endereço, que já não mais frequento, mas donos de meu apreço.
Outros, talvez, em compartilhada saudade, e civilizado respeito ao silêncio.
Poucos, insisto, mas meus.
Vários, por seu turno, foram os eventuais convivas, que por alguma razão desfiaram preces de amizade eterna, embora nunca os tenha percebido fraternos.
Esses, por vezes, como surgem, desaparecem, retornam ao palco, a espera de um novo conviva, com um novo sucesso em posar.
Lembram roupas de época, datadas, com nenhuma possibilidade de serem outra vez vestidas, apenas testemunhas de circunstâncias, trechos de um enredo, quando muito, partícipes de um descuidar.
Aprendi com Vínícius.
E agora sei.
Poucos são os parceiros.
Raras as composições.
Econômicos os versos.
Mas...
Linda a poesia!
E assim vivi, reconhecendo um aqui, outro acolá.
Nunca os tive em quantidade, nem os quis assim, sou daqueles que precisam de um tempo, de um rito, de uma razão, de um momento.
Entretanto, por vezes, fui tomado pelo assombro, rodeado de convivas, tão duradouros quanto as festas, tão solícitos quanto os valetes de bons restaurantes.
Por vezes me vejo deserto de amizades, desprovido de cumplicidade, deslocado em minha mesa, estrategicamente ao canto, encantadoramente distante, embora ao alcance de um aceno.
Mas ainda assim, os amigos, eu os tenho, alguns em repouso, em algum endereço, que já não mais frequento, mas donos de meu apreço.
Outros, talvez, em compartilhada saudade, e civilizado respeito ao silêncio.
Poucos, insisto, mas meus.
Vários, por seu turno, foram os eventuais convivas, que por alguma razão desfiaram preces de amizade eterna, embora nunca os tenha percebido fraternos.
Esses, por vezes, como surgem, desaparecem, retornam ao palco, a espera de um novo conviva, com um novo sucesso em posar.
Lembram roupas de época, datadas, com nenhuma possibilidade de serem outra vez vestidas, apenas testemunhas de circunstâncias, trechos de um enredo, quando muito, partícipes de um descuidar.
Aprendi com Vínícius.
E agora sei.
Poucos são os parceiros.
Raras as composições.
Econômicos os versos.
Mas...
Linda a poesia!
Poesia do dia (O garoto que já fui)
O garoto que já fui
(luiz alfredo motta fontana)
Teu viço,
já não possuo
Teus sonhos,
de quase todos acordei
Teus medos,
deram-me certezas
Tuas lutas,
desenharam minhas cicatrizes
Tua verdade,
meu credo
Teu sorriso,
ainda guardo
Teu olhar,
meu guia
Tua tristeza,
minha assinatura
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