quinta-feira, 30 de agosto de 2018
Bar é poesia (O umedecer)
O umedecer
luiz alfredo motta fontana
Quando
a praia é sitiada
resta o mar aberto
Quando
a festa é outra
resta o penetra
Quando
Teu sorriso abre
resta erguer a taça
Quando
O orvalho exala
resta umedecer a alma
domingo, 31 de julho de 2016
Bar é poesia (Fim de julho)
Fim de julho
(luiz alfredo motta fontana)
Na varanda
domingo escoa
Na janela
preguiça espreita
Na sala
nua sobre o tapete
tua ausência anoitece
Na alma
agosto acena
Lá fora
um gato esgueira
sem luar
farejando o vento
sábado, 25 de junho de 2016
Bar é poesia (Saldos e Retalhos)
Saldos e Retalhos
(luiz alfredo motta fontana)
-E ela?
Perguntaram sem prefácios
-E ela?
Insistiram em jogral
Sabiam a resposta
e repetiam
-E ela?
Foi quando trocou de mesa
Afinal, dela nada restara
A não ser,
sua notável ausência
Desta, não se livrara
sexta-feira, 13 de maio de 2016
Bar é poesia (A dúvida)
A dúvida
(luiz alfredo motta fontana)
Ela
A mesma saia florida
A blusinha em tom palha
Nos pés sandália em saltos
equilibravam o ondular do quadril
Sorriu ao reconhecer
A diferença?
A mesa a que se dirigia
Nela, o outro
O bolero?
Talvez o mesmo
Ele
Distraiu-se
Em meio ao malte
Acendeu o cigarro
A fumaça era pura filosofia
Indagou-se
Enquanto acenava ao garçon
Com quantas verdades
compusemos
nossa mentira?
sábado, 7 de maio de 2016
Bar é poesia (permanecem...)
permanecem...
(luiz alfredo motta fontana)
permanecem
com todo o frescor de novo
o aroma e a maciez
de tuas curvas
junto ao percorrer dos sentidos
permanecem
vivos
mesmo que
condenados
ao fado de memórias
quinta-feira, 5 de maio de 2016
Bar é poesia (Preguiça)
Preguiça
(luiz alfredo motta fontana)
Como no por de sol baiano
que se atrasa nos carinhos
Como na brisa
que busca, sem pressa, a folhagem
Na certeza do encontro, ainda que, findo o motivo
a tradução é a mesma
Preguiça
terça-feira, 3 de maio de 2016
Bar é poesia (O segredo)
O segredo
(luiz alfredo motta fontana)
Porque andas tão leve?
Teu caminho, pelo que sei, foi árduo...
Porque esse sorriso com ares de novo?
Qual teu segredo?
As perguntas brotavam sem pausas
do que se dizia "velho amigo"
sem pausas
sem vírgulas
sem pudores...
A curiosidade explícita
Porque?
Simples!
dissera em resposta
O caminho foi árduo, mas único
O segredo é singelo
Caminhe...
ao mesmo tempo dispa as mágoas
E nunca...
nunca mesmo
vista o "achamos isto ou aquilo"
dos meros circunstantes
estes, são péssimos alfaiates
Respondendo
entre um gole e outro
admirando a cor do malte
no mesmo copo baixo
límpido cristal
sem máculas do passado
mesmo que maturado entre histórias e encantos
Bar é poesia (O glamour)
O glamour
(luiz alfredo motta fontana)
a mesa repleta
a conversa fluindo
ele, como sempre encantado
ela, ensaiando a naturalidade
a música, tecendo o enredo
três vezes ela se fora
cometendo o ato inútil
levar os rins ao toilette
era a desculpa
para cuidar do carmim dos lábios
sábado, 30 de abril de 2016
Bar é poesia (ansiedade)
ansiedade
(luiz alfredo motta fontana)
não
não desanimes
embora lá estiveste
tu não pertences ao passado
quando só o luar te vestir
despida de medos
tocada em orvalho
restará a certeza
só então tu estarás
nua em meu porvir
quinta-feira, 28 de abril de 2016
Bar é poesia (Poemeto reservado)
Poemeto reservado
(luiz alfredo motta fontana)
Quando verso
é orquídea.
Quando o dizer
é rubro qual antúrio
Quando o escrever
é continua entrega de afagos
Quando a musa se revela
em um sorrir
Quando nua também é a poesia
cabe ao poeta
por cuidares
cobrir-se de respeito
e na delicadeza do gesto
apresentar
reservado
o poemeto
Bar é poesia (Poemeto sem censura)
Poemeto sem censura
(luiz alfredo motta fontana)
Nenhuma censura
Nenhum corte
Nenhuma página por revisar
Apenas versos
reversos
revendo
apenas...
Pode ser,
e o foi
breve, tênue, frágil
mas cheio de encanto
além da própria lembrança
Com calma
na saudade, delicadamente, se apequena
renovando afagos
quarta-feira, 27 de abril de 2016
Bar é poesia (Dieta Sentimental)
Dieta Sentimental
(luiz alfredo motta fontana)
Quando a cintura era fina, sonhos
Agora
Três números acima, lembranças
Emagrecer para sonhar?
Bar é poesia (Canções de tua trilha)
Canções de tua trilha
(luiz alfredo motta fontana)
faina diária
caminhava lerdo
discreto semeava
como que distraído pintor
solo úmido
pequenas adições de ternura
volta e meia o cuidar
contra pragas e daninhas
em cada manhã de sábados
meio que triste
colhia
canções de tua trilha
segunda-feira, 25 de abril de 2016
Bar é poesia (Além de cinzas)
Além de cinzas
(luiz alfredo motta fontana)
Calados os tamborins
insones os Pierrots
desconsoladas as Columbinas
Restam confetes, aqui ou ali
manchas em carmin
esperanças em ordenado debandar
Quarta em cinzas
sonhos que findam
fotos a revelar
A harmonia só retornará
nos primeiros acordes
de um novo samba-canção
sábado, 23 de abril de 2016
Bar é poesia (Eles)
Eles
(luiz alfredo motta fontana)
Para manter a rotina,
levam, todos os dias,
paletó e gravata,
ao café central,
no calor de 40º.
Criticam a conjuntura
Lamentam a burocracia
Fazem planos para o futuro
Investem na loteria
Quando precisam raciocinar,
entoam o mantra:
Salvo melhor juízo!
Enquanto isto...
Elas!
Sobrevivem...
A pose e a banca.
Bar é poesia (Caso chova)
Caso chova
(luiz alfredo motta fontana)
Separar
joio do trigo
Entender o fim
do ainda em cartaz
Sorrir com o esquecer
Dobrar a esquina
retomar o passo
Caso chova
a alma estará lavada
...choveu aos cântaros!
Bar é poesia (A receita)
A receita
(luiz alfredo motta fontana)
Caminhar!
essa a receita
A voz prenhe de razão
e cuidados
determinou
Caminhar?
e a preguiça?
o deixe para amanhã?
o refúgio do poeta?
Talvez...
levar ao passeio
personagens ainda por compor
letras ainda soltas
(luiz alfredo motta fontana)
Caminhar!
essa a receita
A voz prenhe de razão
e cuidados
determinou
Caminhar?
e a preguiça?
o deixe para amanhã?
o refúgio do poeta?
Talvez...
levar ao passeio
personagens ainda por compor
letras ainda soltas
Deixá-los nus
E retornar
na manhã seguinte
distraidamente
recolhendo os seus
com ares de mundo
Quem sabe?
a receita aceite
o tempero da poesia!
na manhã seguinte
distraidamente
recolhendo os seus
com ares de mundo
Quem sabe?
a receita aceite
o tempero da poesia!
sexta-feira, 22 de abril de 2016
Bar é poesia (A menina e o samba)
A menina e o samba
(luiz alfredo motta fontana)
Não lembre menina
não pense menina
apenas desfile
Cante!
Acompanhe o tamborim
acene ao mestre-sala
Sorria!
Mais que isso
em agudo tom
ria!
Lave a alma
trance os pés
gingue!
Essa noite
é teu meu carnaval
dance!
Bar é poesia (Não será absurdo)
Não será absurdo
(luiz alfredo motta fontana)
Não acorde nu
não revele fraqueza
não espere
sempre haverá um abandono
sempre haverá uma desculpa
sempre
na dúvida
lembre-se de Ibsen
- o homem mais forte é o que esta mais só
"O inimigo do povo"
é logo ali
quarta-feira, 20 de abril de 2016
Bar é poesia (pequena)
Pequena
(luiz alfredo motta fontana)
Tu és múltipla
Eu...
menino,
o sorriso, o carinho certo, a cama feita
Tu...
guerreira,
o movimento, a fala certa, o carinho exato
Jamais inclina, não emudece,
tens a flecha,
a mão certeira
És água, límpida, que serenamente murmura enquanto passa
És mata, cheiro, cores, mistérios, o encantamento
Não te guardo
Não te prendo
Apenas te sinto
Ao lado
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