domingo, 24 de agosto de 2014
Bar é poesia (Dizem...)
Dizem...
(luiz alfredo motta fontana)
Dizem...
Que construímos mundos
Confortáveis, seguros, apreciados...
Cercados, por vezes floridos
Uma orquídea aqui, outra acolá
Depois, estremecemos
Passamos ao cuidar
Barreiras, muros altos, portas, sete chaves
O mundo fica "mundinho"
aprisionando
Qual gaiola o Bem-te-vi
Dizem que existem outros
Descuidados, sem essas manhas
Sem jardins, afora as praças
Sem quadros na parede, até pela ausência delas
Sem criados, mesmo que mudos
Levam consigo apenas o olhar,
E no olhar, o já visto e o porvir
Dizem que diversos, quase que avessos, seguindo seus caminhos,
mesmo que paralelos, apartados
Uns
com o mapa feito, com o chegar já conhecido
Outros
levados pela brisa, com o pousar não previsto
Dizem...
É a forma que encontraram
Para carimbar o estranho
Mas...
Apesar do dito...
Valeram os breves momentos havidos
Quando a lua se fez cúmplice
Quando a carícia se vestiu de afago
Quando terno era o desejo
Que mesmo assim queimava como lume
Afora isso o aprendizado...
Melhor ter vivido
do que apenas
o sonho
ter mantido aprisionado
Bar é poesia (Nus)
Nus
(luiz alfredo motta fontana)
Numa noite
nos vestimos
apenas com o luar
nessa noite
éramos, eu e tu
éramos um só
embora dois
mas sobretudo
éramos nus
Veio o dia
despertamos
eu e tu
ainda nus
No momento seguinte
sem que alguém nos visse
percebi, já vestido
teu aceno ao longe
Já não éramos
nem dois
nem um
nem nus
Hoje quando passeio ao luar
meu sorriso, que se esconde
desperta
por um instante
diz que fui
diz que fomos
nele acho até
que ainda somos
Nós
nus, num relance unos
sábado, 23 de agosto de 2014
Bar é poesia (tateando em baixos relevos)
tateando em baixos relevos
(luiz alfredo motta fontana)
Há algo, de impune, na autora de charadas
enquanto mistério
há algo, de triste, na mesma mulher
quando resta desnudo
o que antes era segredo
Há algo...
além do conhecido umedecer
Bar é poesia (De volta ao ninho)
De volta ao ninho
(luiz alfredo motta fontana)
Noite em tons de malte
Mesa em estratégica distância
Música ambiente nos anos sessenta
tempo de recuperar
Do enredo havido
apenas tênues imagens
tempo de sorrir
Noite em tons de malte
luares em cubos
distraídos olhares
De volta ao ninho
- garçon, troque o cinzeiro!
sexta-feira, 22 de agosto de 2014
Bar é poesia (Era uma vez o Adeus...)
Era uma vez o Adeus...
(luiz alfredo motta fontana)
O adeus não preve
pontes e retornos
Apenas acena
disperso no horizonte
Mesmo os versos
nada retêm
além de teu vulto
seminua e distante
resta dizer
era uma vez...
para então sorrir
despido de tua nudez
Bye Cybele
Cybele Ribeiro de Sá Leite Freire
(foto de Carlos Castilho)
03/05/1940 - 22/08/2014
Nas canções, que me fazem trilha,
existem vozes que não deveriam partir,
por vezes, partem
Caymmi , Vinicius, ao lado de Baden,
as acolhe.
(luiz alfredo motta fontana)
Nas canções, que me fazem trilha,
existem vozes que não deveriam partir,
por vezes, partem
Caymmi , Vinicius, ao lado de Baden,
as acolhe.
(luiz alfredo motta fontana)
Bar é poesia (Balcão de bar)
Balcão de bar
(luiz alfredo motta fontana)
entre doses
e cigarros
a ausência de planos
o que restou
do amor de ontem
faz companhia
nenhuma tensão
além da eventual
lembrança de curvas
Bar é poesia (Era uma vitrine)
Era uma vitrine
(luiz alfredo motta fontana)
Era uma vitrine
Era um casal
Ele, mais que noventa
Ela, desconfia-se, mas não aparenta
Era uma vitrine
Uma rua
Uma noite
Poucos gatos, nem tão pingados
Era um casal
Ele, alegre
Ela, sorridente
Era uma vitrine
E nela, ao lado do sax,
delicados violinos
Era um casal
Neles, a poesia
quinta-feira, 21 de agosto de 2014
Bar é poesia (O bar)
O bar
(luiz alfredo motta fontana)
O bar
a mesa
a música
os encantos
além
de quase desencantos
Os garçons
servem "agora vai"
ou
caso queira
uma dose dupla de "agora sei"
O bar
intermezzo
o depois
di routine noto
Bar é poesia (Sambinha politizado)
Sambinha politizado (De como João perdeu Maria)
(luiz alfredo motta fontana)
E aí João?
- O que manda irmão?
Maria te deixou?
- Na mão, de vez...
- e sem violão.
Como pode acontecer?
- Tinha de ser
- Maria era politizada.
Traduz prá mim!
- só acreditava em amor
- com cláusula expressa
- de sustentabilidade
E agora João?
- Vida segue José!
- Perdi o mandato
- mas não perdi a fé!
Perdeu de fato
mas não se abalou
buscou no refrão
o que lhe faltou
- Amor assim
- requer menos paixão
- Amor sustentável
- Social e acabado
- Não foi feito prá mim!
quarta-feira, 20 de agosto de 2014
Bar é poesia (O "tal" do amor)
O "tal" do amor
(luiz alfredo motta fontana)
Que não prenda
diz a afoita
Que não cobre
diz o tímido
Que acrescente
diz a empreendedora
Que seja eterno
diz o crédulo
Que se baste
diz a preguiça
Que apareça
digo, e repito!
Bar é poesia (E por falar em John Wayne)
E por falar em John Wayne
(luiz alfredo motta fontana)
O Início
Poeira ao longe
aproximando-se...
O enredo
intrigas, festas,
copos cheios
duelos verbais, decepções,
copos vazios
O inesperado
beijos roubados
da menina que nascera
com quatro ou cinco
futuros sobrenomes possíveis
todos antecipadamente aprovados,
e quase registrados
O romance
Sob luares
sonhos, ilusões
com estilo, com afeto,
O esperado
Quase ao fim
mudanças pequenas
mas significativas
no cenário, no diálogo
Ao mais
um certo cansaço,
torpor,
um sorriso persistente, o olhar
de novo perdido
O final
Poeira ao longe
distanciando-se...
terça-feira, 19 de agosto de 2014
Bar é poesia (Versos sóbrios)
Versos sóbrios
(luiz alfredo motta fontana)
Despidos de poesia
percorrem métricas
Despidos de defeitos
desfilam impávidos
Despidos de nuances
simulam muralhas
Despidos de malícia
esquecem as musas
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