sábado, 4 de outubro de 2014

Vai, Hugo Carvana, vai encantar, vai!




Hugo Carvana (4 de julho de 1937 - 04 de outubro de 2014)


Morre Hugo Carvana.

Com ele morre um cadinho do humor que ainda insiste em nos redimir.

Com ele, algumas de minhas lembranças, perdidas na busca de um acorde redentor, de um estribilho novo, de um refrão desassombrado.

Santo humor, cínico, malicioso, escorrendo num copo baixo entre malte e gelo.

Morre Carvana, quase à francesa, sem sequer acenar, morre como se apenas estivesse trocando de bar, esquecido de deixar o endereço.

Vai, Hugo, encantar outras mesas, vai, vagabundo, vai, daqui do meu canto deixo uma lágrima escorrer.

Bar é poesia (noites iguais...)




noites iguais...




(luiz alfredo motta fontana)








além do balcão
o descanso, o tédio, 
o permanecer
mesmo que iguais
as noites e os luares

por sobre o balcão
o cinzeiro, o copo, o gelo
testemunhas do querer

aquém da porta
os dias escorrem
por vezes frios
quase nunca
perceptíveis