Bar é poesia (fotograma do que foi)




fotograma do que foi





(luiz alfredo motta fontana)










cada dia mais nu
cada manhã mais leve
pelas noites
a poesia como lume
confessa
em cada verso
acenos que tecem adeus

o tocar leve
de um sax prata
relata em tons suaves
o que foi
além de pistas do que será
saudade ou ausência

não mais estranho
embora triste
revelado
na quietude
de esmaecido fotograma

Bar é poesia (No espelho do Café Central)





No espelho do Café Central





(luiz alfredo motta fontana)







Há prazeres conhecidos no Café Central
o balcão familiar
o murmurinho dos habituées
o aroma de canela
o eventual olá de um conhecido

Nessa manhã
talvez por distração
notei um outro

no espelho por detrás
o reflexo
por óbvio
era o meu
mas...
traduzia um alguém
que por um tempo
caminhou com tua presença

Hoje
enfim
em companhia de tua ausência
sorriu para mim.