Bar é poesia (Aconteceu)




Aconteceu




(luiz alfredo motta fontana)







Numa manhã
reconheci meu olhar

Já não sei de ti
o nome
o jeito

Só reconheço
o toque
de um banho frio

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Bar é poesia (Um poemeto bordado)




Um poemeto bordado





(luiz alfredo motta fontana)









Poesia pode bordar?
Impunemente!
O verso pode marcar?
Tal qual a linha
Transformando o tecer!

Dúvidas...
Uma só resposta conhecida
Poetas podem admirar bordados

Além dessa verdade
Resta...
Um desejo contido

Vestirás meus versos?

Bar é poesia (Vida Prêt-à-porter)




Vida Prêt-à-porter





(luiz alfredo motta fontana)








mantenha-se erecta
capriche nas sombras 
acerte as luzes 

troque calorias 
por curvas de estilo 
cubra-se com arte 

escale scarpins

mas... 
não tolha o sentir 
não esconda o olhar 
liberte os hormõnios
respire sem medo 

si vous n'avez pas... 
o manequim não suporta 
transforma-se em peso 
cede a passarela 
o desastre a abraça 

le défilé se termine 
sem que a vida 
acompanhe 
o alçar vôo do prazer

Bar é poesia (E por falar em angústia...)






E por falar em angústia...

( Tendo o SUS como musa ) 




(luiz alfredo motta fontana)









Estranhos corredores
O caos veste comportadas filas

Aqui e acolá,
uma declaração de bravura,
outra de descrença,
um murmúrio de cansaço, 
dão cor à passividade face ao descaso

Com sorte,
quiçá a douta figura,
em branco,
ouvirá tuas dores.

O certo é que encaminhará o exame,
tal qual o previsto, 
na ficha antes conquistada

Hipócrates ausente

Kafka dá plantão

Mas...

Acreditem...

Ainda assim,
existe humor
Estranha maneira de chorar

Bar é poesia (Poemeto dolorido)




Poemeto dolorido





(luiz alfredo motta fontana)









Parece mito
Tem um toque de tragédia
Articula sotaques não só do Egeu

Apoiada por uma rede de amigas
Muito próxima de intrigas
É citada como exemplo
Porém paga preço alto
É só entre convivas
É inteira entre paredes
É livre somente em sonhos

Não vive, recorda
Não estremece, soluça

Abdicou aos amores

Instituição inexpugnável
Embora ainda traga
Delicadas marcas de roubados afagos

Bar é poesia (Flagrante)




Flagrante




(luiz alfredo motta fontana)








Ao vestires esses versos
com um sorriso
mesmo que acanhado

Ao tingires teus olhos
com ternura
mesmo que inesperada

Serás mais que musa
te flagarás
nua e cúmplice

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Bar é poesia (Paradoxo?)






Paradoxo?





(luiz alfredo motta fontana)










De um lado a pequenhez do continente
De outro a vastidão do contido
Por sorte
a poesia antecede a pena

Fina ironia?
Talvez…

Tal qual a Avenida Paulista, ela independe do transeunte

Bar é poesia (que o adeus não desafine...)




que o adeus não desafine...





(luiz alfredo motta fontana)






Que o tempo traduza preguiça
que os pássaros apreciem o blues
que as sombras dancem tangos
o luar minuetos

Que a praça seja conhecida
seu banco conforto
que o vento seja suave

Que haja luar
iluminando as cifras

...para que o adeus não desafine

Bar é poesia (O sonho)




O sonho



(luiz alfredo motta fontana)





Quando o poeta sonha
Quando a poesia é manto
A musa sobre o linho
então acorda
Entre versos espreguiça
A dor que a consome
então amaina
E viver é possível

Bar é poesia (Os "costumes" e a poesia)




Os "costumes" e a poesia





(luiz alfredo motta fontana)









Em meio a versos
sob luares
A que antes o vitimara
em frio descarte
no jogo da vida

Agora

despe-se
liberta de "costumes"
Torna-se
enfim, musa

Bar é arte - Omar Ortiz





"The Light Pilar"

Omar Ortiz

(Hyper-Realist painter)

Bar é poesia (Uns)




Uns



(luiz alfredo motta fontana)







Um
Te vê mulher

Um
Te sabe fêmea

Um
Te conhece ternura

Um
Te sente desejo

Um
Te toca carinho

Um
Te descreve carícia




Todos...
compõem minha face
respiram meus versos
exprimem meus gestos

Bar é poesia (O melhor da gente)




O melhor da gente




(luiz alfredo motta fontana)







O melhor da gente
traduz ternuras, delicadezas

O melhor da gente
sorri naturalmente

O melhor da gente
desconhece o joio

O melhor da gente
existe na manhã

O melhor da gente
mora neste verso